Wednesday, April 17, 2019

Diversificação e diversidade

Hoje eu acompanhei no Twitter um debate sobre diversificação. O debate sobre diversificação, como boa parte dos debates de redes sociais, é cheio de opiniões extremas. Pessoalmente eu não diversifico muito, fato este que tem me servido bem ao longo dos anos. Mas se perguntado se esse é o certo, minha resposta vai ser um genérico e insatisfatório “depende”. Do que? Do investidor. Vamos a um breve fato da minha vida pra me ajudar com a minha explicação...

Eu gosto do Rowan Atkinson, ator do lendário Mr. Bean. Eu olho para a cara dele e já tenho vontade de rir. Aqui na Inglaterra ele é um dos mais respeitados artistas. Mas em um mundo sem unanimidades, é de se esperar que há quem não goste dele. Meu pai era um desses. Me lembro até hoje que, quando eu era criança, o Mr. Bean tinha um pequeno espaço no programa do Fantástico. E todo domingo o processo era mais ou menos o mesmo: eu esperava ansioso pelo Mr. Bean e, quando ele aparecia na TV, meu pai mudava de canal. Nada que me impedisse de tentar de novo na semana seguinte...

Eu e meu pai divergíamos também sobre um outro ícone: Sylvester Stallone. Eu ficava maravilhado com o Stallone liquidando todos que cruzavam o seu caminho. Podia ser como Rambo ou podia ser como Rocky: lá estava ele passando por cima de todos. E sempre seguindo seu código de honra. Eu achava fantástico! Meu pai achava que tanto o Stallone quanto o Atkinson eram meio idiotas, o que me causava certa apreensão sobre o que ele pensava de mim.

De qualquer forma, por mais que eu goste dos dois, não consigo imaginar o Atkinson fazendo o Rocky e o Stallone interpretando o Mr. Bean. Acho que seria um retumbante fracasso ver o Atkinson carregando peso na neve para lutar boxe contra o Drago. Só de cogitar eu já acho hilário, o que certamente não é a intenção do filme.

Mas de uma forma ou de outra existe o Atkinson e existe o Stallone, e os dois são bem sucedidos. Isso por que o entretenimento tem espaço para o humor e para a ação. E mesmo um cara como o meu pai não tem do que reclamar já que artistas como George Carlin e Clint Eastwood, seus favoritos, também encontraram o caminho da glória.

O mundo do investimento também aceita a diversidade, ainda que esse seja um fato que muitos relutem em aceitar. Alguns operam derivativos, outros não. Alguns diversificam, outros não. Alguns giram muito as posições, outros não. E em todas as situações existem os casos de sucesso e os de fracasso. Buffett, Druckenmiller, Chanos, Soros, Ackman, Andreessen, Bogle, Simons... De alguma forma são todos fantásticos investidores que prosperaram através de diferentes estratégias. E talvez se um tivesse usado a estratégia do outro, nenhum tivesse vingado. Assim como acho que o Atkinson (Mr. Bean) não teria vingado como Rocky Balboa.

O que dá o tom do sucesso é o esforço consistente sobre situações onde as chances estão a seu favor. Por isso falo sempre da importância de o investidor descobrir o processo que funciona para ele. Se matemática não é o seu forte, quant certamente é um péssimo caminho a seguir. E quanto antes você reconhecer e aceitar isso, melhor para você. Saber o que não fazer é tão importante quanto saber o que fazer.

Como disse Sócrates, “Conhece-te a ti mesmo”. Busque conhecer suas características e descobrir onde você terá vantagem sobre o mercado. Encontre sua vantagem competitiva. E só então, a partir dai, comece a construir o seu processo de investimento.

Stay cool,
Don Black


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