Friday, April 12, 2019

Política II

No post anterior eu falei sobre as dificuldades encontradas pelo investidor que deixa a agenda política pautar o seu processo de investimento. Uma dificuldade acentuada pela mente política que o investidor carrega, presa fácil para todo o tipo de viés comportamental.

O primeiro grande favor que o investidor pode fazer a si mesmo é ignorar o curto prazo, habitat natural dos ruidos mais caóticos. O longo horizonte é mais gentil para apontar caminhos. Só o que o investidor precisa avaliar é se existe o ambiente para que grandes negócios nasçam e floresçam no longo prazo. Não é uma avaliação tão difícil de fazer. Pelo menos é mais fácil do que descobrir a próxima composição da Câmara dos Deputados. E a partir daí só existem dois caminhos a seguir: ou procurar outro lugar para colocar o dinheiro ou começar a busca por essas grandes empresas.

É meu entendimento que o Brasil é um desses países onde grandes negócios nascerão e florescerão no longo prazo. Isso basta. Que a gente vá ter uma Dilma aqui e um Bolsonaro acolá é bem provável e pouco importa, porque a partir desse ponto a questão passa a ser apenas encontrar as grandes empresas. Claro, o leitor é bem vindo para discordar e caso acredite que em 30 anos o Brasil estará muito parecido com a atual Venezuela o melhor a fazer é fugir imediatamente buscar outras alternativas.

Enquanto o investidor busca os grandes negócios é importante manter a vigilância e impedir que a política tome conta da sua vida. Vivemos em um ambiente onde todas as pessoas falam sobre política durante todo o tempo em todos os lugares. Não é uma influência fácil de evitar. Repare como mesmo profissionais que minimizam a importância da política nos investimentos estão o tempo inteiro debatendo e opinando política. Não é que eles seja hipócritas, eles apenas não se dão conta do que está acontecendo. E com isso a chance de que estes profissionais não estejam carregando seus vieses políticos para seus processos de investimentos é mínima - fato este que naturalmente eles também não percebem.

Vamos a uma breve fábula que descreve bem como tudo acontece. Para aqueles que desconhecem, a fábula do sapo cozido descreve a situação do sapo que vai sendo lentamente cozido vivo. A moral da fábula é que se o sapo fosse jogado de uma única vez em água fervente, ele pularia dali imediatamente. Mas se o sapo for colocado em água morna e a água for sendo fervida aos poucos, o sapo não perceberá o perigo e acabará cozido até o morte. Assim é a política para o investidor.

Por isso eu acho que o investidor está mais bem servido se mantiver a política a uma distância segura. O investidor fará melhor uso do tempo ao se dedicar a conhecer as milhares de empresas que existem por aí. É claro que a política ainda assim vai aparecer para o investidor como, por exemplo, em uma concessão para uma empresa do portfólio. Nesse momento é importante deixar o emocional de lado quando for incorporar o fato a análise.

Agora eu espero dar um bom tempo de escrever sobre política. Nada de esquerda, direita, previdência, Dilma, Bolsonaro, Lula, FHC, etc., por aqui. A política vai seguir seu louco caminho enquanto eu a ignoro, as grandes empresas vão seguir seu louco caminho enquanto tento ir atrás delas, e daqui a muitos anos acredito que vamos estar todos em melhor situação que hoje.

Stay cool,
Don Black

2 comments:

  1. Comecei a maratonar o blog :)

    É legal perceber esse viés político e como ele pode influenciar as nossas decisões, mas como você disse melhor focar nos grandes negócios que já temos ou que nascerão, independente da politica, teremos bons ou maus negócio, cabe agora achar os bons negócios 👊

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    1. Oi Cleyton! Muita satisfação saber que você está lendo o blog. Espero que ajude a passar o tempo nessa quarentena que estamos passando.

      Te desejo tudo de bom na sua busca por grandes negócios!

      Um abraço,
      Don

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