Amigos, eu
sei que foi há pouco que publiquei minha última postagem. Acontece que li hoje uma
matéria sobre o formidável Stanley Druckenmiller e essa matéria me fez lembrar
um velho caso. Um excelente velho caso de ninguém menos que o próprio Druckenmiller.
Toda vez
que um grande gestor é entrevistado aparece a pergunta sobre o maior erro e
qual lição foi aprendida. Com Druckenmiller não foi diferente. Há poucos anos
atrás ele respondeu essa pergunta de forma única. A narrativa é tão boa que vou apenas reproduzir aqui as
palavras do próprio. Preparem-se para um misto de comédia e tragédia:
“Bom, eu
cometi vários erros, mas um deles foi especialmente único. Então, essa é uma história
engraçada, pelo menos 15 anos depois, porque a dor diminuiu um pouco. Mas em
1999, depois que o Yahoo! e a America Online já haviam subido dez vezes, tive a
brilhante idéia lá na Soros [onde Druckenmiller trabalhava] de shortear ações
de internet. Então coloquei 200 milhões de dólares nisso lá pra fevereiro e até
meados de março eu já tinha perdido 600 milhões de dólares, tendo sido
completamente espancado e já estando 15% negativo no ano. E eu era muito
orgulhoso do fato de nunca ter tido um ano negativo, então eu pensei, agora já
era.
Então, o
que aconteceu depois é que eu não consigo me lembrar se eu fui para o Vale do
Silício ou se eu falei com algum jovem de 22 anos com Asperger. Mas o que quer
que tenha sido, eu fui convencido desse novo boom de tecnologia que estava para
acontecer. Então eu fui e contratei uns dois gestores porque até então nós só conheciamos
a IBM e a Hewlett-Packard. Nós contratamos esses caras e encerramos o ano – nós
estavamos negativos 15% e acabamos positivos algo como 35% no ano. E a Nasdaq
tinha subido 400%.
Então, eu
nunca vou me esquecer. Janeiro de 2000 eu entro no escritório do Soros e eu
digo que eu vou vender todas as empresas de tecnologia, vender tudo. Isso é
loucura! 104 vezes os lucros. É maluquice. Assim como expliquei anteriormente,
vamos nos afastar e esperar pela próxima oportunidade. Eu não demiti os dois
analistas. Eles não tinham dinheiro o suficiente para comprometer o fundo, mas
eles começaram a fazer 3% ao dia e eu estava fora [das ações de tecnologia]. Aquilo
estava me deixando maluco. Quer dizer, a pequena conta deles estava uns 50% no
ano. Eu acho que o Quantum [que Druckenmiller geria] estava 7%. Estava apenas
parado lá.
Então lá
pra Março eu senti que estava chegando. Eu simplesmente – eu tinha que
participar. Eu não conseguia evitar. E três vezes em uma mesma semana eu
peguei o telefone e – não faça isso. Não faça isso. Enfim, eu finalmente fui e
peguei o telefone. Eu acho que eu errei o topo por uma hora. Eu comprei 6
bilhões de dólares em ações de tecnologia, e seis semanas depois eu sai da
Soros e eu tinha perdido 3 bilhões de dólares nessa única jogada. Você me
pergunta o que eu aprendi. Eu não aprendi nada. Eu já sabia que eu não
deveria fazer aquilo. Eu fui apenas um caso emocional e não consegui me conter.
Então, talvez eu tenha aprendido a não fazer isso de novo. Mas eu já sabia
disso.”
Aqui não
estamos falando de um gestor qualquer. Stanley Druckenmiller tem três décadas
de um track record de 30% CAGR. É um dos maiores da história. E mesmo os
maiores da história são vítimas de vieses e armadilhas psicológicas.
Druckenmiller sucumbiu ao FOMO – fear of missing out – que nada mais é do que o
medo de ficar de fora. O medo de ver todo mundo ganhar dinheiro menos a si
mesmo.
Como diz um
velho ditado, só existe uma coisa pior do que não conseguir o que queremos. É
não conseguir o que queremos e ver alguma outra pessoa conseguir.
Stay cool,
Don Black
*Para variar vou indicar um livro. Michael Batnick
escreveu um livro chamado “Big Mistakes: The Best Investors and Their Worst
Investments” onde fala sobre os grandes erros de uns 15 grandes investidores.
Esse caso de Druckenmiller está entre eles.
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