Olá meus amigos!
O fim de 2020 está próximo. Infelizmente nossos
problemas não vão embora apenas porque o calendário está chegando no dia 31 de
dezembro. Os aspectos da vida não poderiam ligar menos para nossos ciclos
temporais. Seja como for as pessoas tendem a ser mais reflexivas nessa época do
ano. Vou portanto me aproveitar desse estado de espírito para começar com uma
anedota:
Certo dia a professora chegou na sala de aula com um
grande vaso de vidro.
De frente para a turma, abriu um saco cheio de bolas de
golfe e jogou todas as bolas de golfe dentro do vaso de vidro. Virou para a
turma e perguntou:
“O vaso está cheio?”
E a turma foi unânime em dizer que sim.
Então ela abriu outro saco, desta vez um saco de
areia. Virou a areia dentro do vaso e aos poucos a areia foi preenchendo todo o
espaço entre as bolas de golfe.
“E agora? O vaso está cheio?”
Mais uma vez um unânime “sim”.
“Pois então, o que isso tudo quer dizer?”
Ninguém soube responder. Nenhuma das crianças pareceu
entender a mensagem da professora. No que ela explicou:
“Pois bem. O vaso representa o nosso tempo, limitado
em seu tamanho. As bolas de golfe são nossas prioridades na vida. Depende de
cada um, mas normalmente coisas como as pessoas que amamos, o cuidado com nossa
saúde e grandes objetivos profissionais que traçamos para nós mesmos. A areia representa
as pequenas coisas da nossa vida como assistir televisão ou discutir nas redes
sociais.
Se eu tivesse começado colocando a areia, o vaso não
teria espaço para as bolas de golfe. E é assim que funciona na nossa vida. Se
você encher sua vida com pequenas distrações você não vai ter espaço para as prioridades.
Então comece sempre pelas bolas de golfe!”
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"Eu não sabia que gostava de ler até o dia em que tive medo de não poder ler mais. Ninguém ama respirar.", Scout em O Sol é para todos
Eu não sei
se as crianças entenderam a mensagem da professora. Talvez tenham entendido mas
vão ignorar assim mesmo. Crianças não enxergam o tempo como sendo limitado. Poucas
pessoas pensam no tempo como sendo limitado. Ou pelo menos, como diria Scout,
não pensam nisso até que a noção da ausência os atinja na cabeça. Até lá é como
se nosso vaso fosse infinito.
É claro que
é importante que as coisas sejam um pouco assim. Alguém que se preocupasse
demais com o tamanho do seu vaso viveria em uma prisão psicológica. Ela
passaria todos os dias se despedindo de todos seus entes queridos. Ninguém a
suportaria. Ou então gastaria suas energias e economias em prazeres imediatos.
O Jorginho Guinle, que nem foi tão radical assim nas estimativas do seu próprio
prazo de validade, errou por uns 15 anos e passou 15 anos sofríveis. Compare
isso com Munger, que do alto dos seus 95 anos ainda investe para o longo prazo.
Fascinante, não é mesmo?
A verdade é
que todas as maiores conquistas humanas vieram de um esforço concentrado de
longo prazo e é improvável que esse esforço fosse feito se as pessoas vivessem
obcecadas com a idéia de que podem morrer no dia seguinte. Mas ao mesmo tempo
também não seria feito se as pessoas vissem seus tempos como infinitos e então
os desperdiçassem jogando areia nos seus vasos.
Como é
quase sempre o caso, a resposta está no caminho do meio.
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Eu sou
sempre muito vigilante sobre como ocupo o meu tempo. Faço todo o possível para
não me envolver em esperas e reuniões vazias por exemplo. São situações de
tempo gasto com baixíssimo retorno. Situações como essas devem ser afastadas.
Há muitos
anos sou assim, o que ocasionalmente me proporcionou uma má - e, diria, injusta
- reputação. Não é difícil tomar praticidade por rudeza. Mas se quer saber, vale
a pena. Se o preço a pagar por um melhor uso do meu limitado tempo é ser
interpretado como rude por alguém que pouco me conhece, então que seja.
Hoje em dia
vejo o mundo com mais distrações. É verdade que para alguém determinado a
encher seu vaso de areia sempre existiram distrações suficientes, mas é como se
hoje em dia a areia fosse entregada em delivery. O acesso às vias da
procrastinação nunca foi tão grande e fácil. Com forças pró-inércia tão
grandes, é importante que sejamos ainda mais vigilantes.
Espero que
nesse período de reflexão o leitor olhe para como está o seu próprio vaso e que
consiga dedicar mais espaço para suas bolas de golfe.
Assim como
vou fazer agora, encerrando esse post para passar o Natal com minha família.
Merry
Christmas,
Don Black
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