Thursday, December 24, 2020

Como está o seu vaso?

 

Olá meus amigos!

O fim de 2020 está próximo. Infelizmente nossos problemas não vão embora apenas porque o calendário está chegando no dia 31 de dezembro. Os aspectos da vida não poderiam ligar menos para nossos ciclos temporais. Seja como for as pessoas tendem a ser mais reflexivas nessa época do ano. Vou portanto me aproveitar desse estado de espírito para começar com uma anedota:

Certo dia a professora chegou na sala de aula com um grande vaso de vidro.

De frente para a turma, abriu um saco cheio de bolas de golfe e jogou todas as bolas de golfe dentro do vaso de vidro. Virou para a turma e perguntou:

“O vaso está cheio?”

E a turma foi unânime em dizer que sim.

Então ela abriu outro saco, desta vez um saco de areia. Virou a areia dentro do vaso e aos poucos a areia foi preenchendo todo o espaço entre as bolas de golfe.

“E agora? O vaso está cheio?”

Mais uma vez um unânime “sim”.

“Pois então, o que isso tudo quer dizer?”

Ninguém soube responder. Nenhuma das crianças pareceu entender a mensagem da professora. No que ela explicou:

“Pois bem. O vaso representa o nosso tempo, limitado em seu tamanho. As bolas de golfe são nossas prioridades na vida. Depende de cada um, mas normalmente coisas como as pessoas que amamos, o cuidado com nossa saúde e grandes objetivos profissionais que traçamos para nós mesmos. A areia representa as pequenas coisas da nossa vida como assistir televisão ou discutir nas redes sociais.

Se eu tivesse começado colocando a areia, o vaso não teria espaço para as bolas de golfe. E é assim que funciona na nossa vida. Se você encher sua vida com pequenas distrações você não vai ter espaço para as prioridades. Então comece sempre pelas bolas de golfe!”

 

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"Eu não sabia que gostava de ler até o dia em que tive medo de não poder ler mais. Ninguém ama respirar.", Scout em O Sol é para todos

Eu não sei se as crianças entenderam a mensagem da professora. Talvez tenham entendido mas vão ignorar assim mesmo. Crianças não enxergam o tempo como sendo limitado. Poucas pessoas pensam no tempo como sendo limitado. Ou pelo menos, como diria Scout, não pensam nisso até que a noção da ausência os atinja na cabeça. Até lá é como se nosso vaso fosse infinito.

É claro que é importante que as coisas sejam um pouco assim. Alguém que se preocupasse demais com o tamanho do seu vaso viveria em uma prisão psicológica. Ela passaria todos os dias se despedindo de todos seus entes queridos. Ninguém a suportaria. Ou então gastaria suas energias e economias em prazeres imediatos. O Jorginho Guinle, que nem foi tão radical assim nas estimativas do seu próprio prazo de validade, errou por uns 15 anos e passou 15 anos sofríveis. Compare isso com Munger, que do alto dos seus 95 anos ainda investe para o longo prazo. Fascinante, não é mesmo?

A verdade é que todas as maiores conquistas humanas vieram de um esforço concentrado de longo prazo e é improvável que esse esforço fosse feito se as pessoas vivessem obcecadas com a idéia de que podem morrer no dia seguinte. Mas ao mesmo tempo também não seria feito se as pessoas vissem seus tempos como infinitos e então os desperdiçassem jogando areia nos seus vasos.

Como é quase sempre o caso, a resposta está no caminho do meio.

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Eu sou sempre muito vigilante sobre como ocupo o meu tempo. Faço todo o possível para não me envolver em esperas e reuniões vazias por exemplo. São situações de tempo gasto com baixíssimo retorno. Situações como essas devem ser afastadas.

Há muitos anos sou assim, o que ocasionalmente me proporcionou uma má - e, diria, injusta - reputação. Não é difícil tomar praticidade por rudeza. Mas se quer saber, vale a pena. Se o preço a pagar por um melhor uso do meu limitado tempo é ser interpretado como rude por alguém que pouco me conhece, então que seja.

Hoje em dia vejo o mundo com mais distrações. É verdade que para alguém determinado a encher seu vaso de areia sempre existiram distrações suficientes, mas é como se hoje em dia a areia fosse entregada em delivery. O acesso às vias da procrastinação nunca foi tão grande e fácil. Com forças pró-inércia tão grandes, é importante que sejamos ainda mais vigilantes.

Espero que nesse período de reflexão o leitor olhe para como está o seu próprio vaso e que consiga dedicar mais espaço para suas bolas de golfe.

Assim como vou fazer agora, encerrando esse post para passar o Natal com minha família.

 

Merry Christmas,
Don Black

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